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A REVISTA A ESCOLA PRIMÁRIA (1916-1938) E OS SABERES A E PARA ENSINAR MATEMÁTICA
THE MAGAZINE A ESCOLA PRIMÁRIA (1916-1938) AND THE KNOWLEDGE TO TEACH AND FOR TEACHING MATHEMATICS
Revista de História da Educação Matemática, vol.. 6, núm. 3, 2020
Sociedade Brasileira de História da Matemática

DOSSIÊ - HISTÓRIAS DE UMA CONSTITUIÇÃO DE SABERES MATEMÁTICOS NO ENSINO

Revista de História da Educação Matemática
Sociedade Brasileira de História da Matemática, Brasil
ISSN-e: 2447-6447
Periodicidade: Frecuencia continua
vol. 6, núm. 3, 2020

Recepção: 20 Julho 2020

Aprovação: 01 Dezembro 2020


Este trabalho está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-Não Derivada 4.0 Internacional.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi inventariar os artigos relacionados à matemática da revista A Escola Primária com intuito de identificar se havia abordagem temática ligada a saberes profissionais dos professores que ensinam matemática. Utilizou-se como referencial Hofstetter e Schneuwly (2017), Borer (2017) e Valente (2017). A metodologia consistiu em identificar e analisar os artigos sobre temas da matemática. Dentre as conclusões, constatou-se que os artigos apresentavam aprofundamento de conteúdos, metodologias, estratégias e recursos para o ensino. Dessa forma, verificou-se a presença dos saberes a e para ensinar matemática. Observou-se, também, que a maior parte dos artigos era relacionada à Aritmética e que a estratégia mais utilizada para ensinar era a resolução de problemas.

Palavras-chave: Saberes profissionais, Revista Pedagógica, Educação Primária.

Abstract: The aim of this paper was to make an inventory of the articles related to mathematics from the magazine A Escola Primária in order to identify if there was a thematic approach linked to the professional knowledge of teachers who teach mathematics. Hofstetter and Schneuwly (2017), Borer (2017) and Valente (2017) were used as references. The methodology consisted of identifying and analyzing articles on mathematical topics. Among the properties, it was found that the articles presented in-depth content, methodologies, resources and resources for their content, thus, we found the presence of knowledge to and to teach mathematics. It was observed that most of the articles were related to Arithmetic and that the most used strategy to use was problem solving.

Keywords: Professional knowledge, Pedagogical Magazine, Primary Education.

INTRODUÇÃO

Bertini, Morais e Valente (2017) destacam que, dentro das pesquisas relativas à formação docente, existem aquelas que fazem uma análise na perspectiva histórica, caracterizando saberes que foram institucionalizados ao longo do tempo, como saberes explícitos, formalizados, transmitidos e incluídos na formação de professores. De acordo com os referidos autores, as investigações sobre a formação inicial docente têm valorizado o saber relacionado aos conteúdos em detrimento daqueles relacionados à docência. Dessa forma, os estudos históricos podem contrapor-se a essas conclusões. Outra característica importante ao se realizar o tipo de pesquisa proposta por este trabalho foi o de verificar como foram institucionalizados saberes específicos da profissão de ensino.

No Brasil, a criação das escolas normais representa um marco na história da formação de professores para as séries iniciais. Após a abdicação de Pedro I, em 1831, houve pressão do grupo liberal e dominante que resultou na criação do Ato Adicional de 1834[3], que transferiu para as assembleias provinciais a responsabilidade de regular a instrução primária e secundária (Accácio, 2011). No entanto, as províncias não detinham recursos para implantar um sistema educacional. E, com a necessidade de escolas primárias, também havia a necessidade de professores e, consequentemente, da criação de uma instituição para formação desses profissionais. Nesse cenário, surgem as primeiras escolas normais no país.

A partir de 1874, iniciou-se um processo de criação de escolas normais na cidade do Rio de Janeiro, quando essa cidade correspondia ao Município Neutro[4]. Em 1880, foi criada a Escola Normal da Corte, que era pública e gratuita, cujo curso ofertado tinha um currículo extenso e enciclopédico. Com relação à formação pedagógica desses docentes, havia uma única cadeira referente à Pedagogia (Accácio, 2011).

Com a Proclamação a República, o curso normal sofreu algumas alterações na sua duração e estrutura. No que se refere à disciplina de Pedagogia, ela deixou de fazer parte do currículo, retornando apenas em 1897, após nova reforma.

Em 1916, o curso normal passa a ofertar a disciplina de Psicologia apresentando a mesma carga horária da disciplina de Pedagogia. Com a reforma de Fernando de Azevedo[5], em 1928, a escola normal ganha uma nova estrutura baseada nas ideias da Escola Nova. Dentro desse contexto, inferimos que houve mudanças na cultura escolar[6] em decorrência dos ideais escolanovistas, ao propagar que lecionar em classes homogêneas facilitava a aprendizagem, além de utilizar a classificação por testes, o que podemos verificar até a contemporaneidade.

Em 1931, assume o cargo de diretor da Instrução Pública Anísio Teixeira[7], o qual foi responsável por continuar as mudanças iniciadas por Fernando Azevedo e transformou a Escola Normal do Distrito Federal em Instituto de Educação[8], realizando uma mudança baseada em princípios escolanovistas. Neste período, o curso de formação docente não seria mais ofertado em nível médio[9], e sim em nível superior (Decreto nº 3810 de 19 de março de 1932).

A fundação dessa instituição é considerada um marco para a formação docente das séries iniciais, e, com a sequência de fatos, verificamos um possível lastro em termos da historicidade da formação docente na cidade do Rio de Janeiro. A partir desse lócus e numa perspectiva histórica, propomo-nos abordar questões referentes à formação didático-metodológica de professores que ensinam matemática nas séries iniciais, tomando por ponto de partida a revista A Escola Primária, que circulou entre 1916 a 1938, pois, até a década de 1930, a formação docente para o primário era realizada exclusivamente em escolas normais no Brasil. A partir de 1932, começaram a surgir os primeiros cursos superiores destinados à formação docente. Citamos, como exemplo, a criação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932) e a criação da Universidade do Distrito Federal[10] (1935). Durante o período de publicação da revista, houve uma ebulição de ideias da Escola Nova e, por isso, os inspetores de ensino do Distrito Federal, cidade do Rio de Janeiro, lançaram uma revista com intuito de atingir e formar os professores que já estavam atuando nas salas de aula. Dessa forma, levantamos a hipótese que a revista serviu como meio para formação continuada de docentes.

Na primeira edição da revista, Afrânio Peixoto afirma que:

[...] Apesar de um grande suburbio, os typos de escolas são muito pouco variados, comparativamente aos de qualquer dos Estados da Federação. Methodos escolares uniformes adestram os alunos-mestres para o exercicio profissional.

Entretanto, na vida docente, longe dessas influencias benéficas, isolados nas suas officinas de ensino, os professores publicos se desconhecem ou talvez não se reconheçam, perdido o contacto da collaboração, que sempre germina em processos e methodos progressivos, o estimulo sem mais difusão, conhecimentos e idéas novas jásem troca, total ausência do esforço solidario, tudo por falta de um laço unitivo que os congregue, para lhes facilitar o acesso ao nobre ideal e que se votaram (Peixoto, 1916, p. 1).

A Escola Primária pode ter favorecido a apresentação e a circulação de saberes matemáticos para os docentes que atuavam nas séries iniciais durante o período da sua publicação. Com isso, nossa proposta de pesquisa consistiu em identificar os artigos e os tipos de saberes e definimos como objetivo geral inventariar os saberes matemáticos que foram apresentados na revista A Escola Primária, durante os anos de 1916 a 1938. Dentro da possibilidade de formação e circulação de saberes, levantamos as seguintes questões: Qual o foco dos artigos relacionados à matemática na revista A Escola Primária? Quais assuntos foram abordados nas publicações? Quais foram os principais autores dos artigos e qual o tipo de publicações que eles realizaram?

Bertini, Morais e Valente (2017, p. 45) afirmam que “[...] as revistas pedagógicas são importante instrumento para o conhecimento das ideias que circulam em cada momento histórico em relação ao que deve ser ensinado e também como ensinar”. Os referidos autores salientam que, como os professores são o público-alvo desse tipo de publicação, ela serve para circular orientações sobre o trabalho pedagógico, organização dos sistemas escolares e sobre o ensino, além de se constituir “como meios de objetivação de saberes” (Ibidem, p. 45). Dessa forma, baseado nos referidos autores e o fato da importância que as revistas pedagógicas têm dentro do processo educacional, justificamos a revista como nosso objeto de pesquisa.

Nossa metodologia consistiu inicialmente em ler os sumários de cada um dos números da revista e identificar os artigos relacionados com a matemática. Colocamos tais informações em uma planilha eletrônica, além de dados como período da revista, número, título, autor, número das páginas e endereço eletrônico. Após essa coleta inicial, realizamos a leitura integral dos artigos com intuito de investigar se tais artigos abordavam conteúdos, estratégias para ensinar um determinado conteúdo e qual a objetivo, bem como identificar se era de Aritmética, Álgebra, Geometria ou outra área.

Após esses dados, fizemos uma sistematização com as principais características encontradas nos artigos da revista e apresentamos, assim, qual era o foco dela no que se referia à produção desses artigos.

REFERENCIAL TEÓRICO

Nesta investigação, tomamos a perspectiva baseada nos saberes docentes e nossa proposta se baseia em pesquisas e sistematizações realizadas pela Equipe de Pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE)[11] da Universidade de Genebra, na Suíça.

Os estudos desenvolvidos pelo grupo suíço utilizam duas categorias de análise: saberes a ensinar e saberes para ensinar. Para Borer, tais conceitos:

[...] se articulam de um lado os saberes constitutivos do campo profissional, no qual a referência e a expertise profissional (saberes profissionais ou saberes para ensinar); e, de outro, os saberes emanados dos campos disciplinares de referência produzidos pelas disciplinas universitárias (saberes disciplinares ou saberes concernentes aos saberes a ensinar) (Borer, 2017, p. 175).

Dessa forma, verificamos que o saber a ensinar é aquele produzido pelos diferentes campos científicos e é aquilo que o docente ensina. Já o saber para ensinar é aquele relacionado ao exercício da docência, ou seja, é aquele saber que o professor utiliza para ensinar um determinado assunto.

Utilizamos essas duas categorias de análise para identificar nos artigos publicados na revista A Escola Primária aqueles que abordavam “conteúdos” e/ou propostas e metodologias para ensinar um determinado conteúdo matemático, uma vez que a publicação era destinada aos professores primários em exercício na época.

Os saberes mobilizados em tal periódico foram escritos por profissionais selecionados que tinham reconhecimento e prestígio. Dessa forma, consideramos os autores como especialistas em educação e que podem ser possíveis experts[12]. Partindo da hipótese que os conhecimentos contidos nos artigos eram colocados em circulação no meio educacional da época, eles podem ter sido saberes objetivados[13] que, de acordo com Valente (2015), são aqueles que se institucionalizam ao longo do tempo, em termos de saberes explícitos, formalizados, transmitidos e incluídos intencionalmente na formação de professores.

A ESCOLA PRIMÁRIA

Utilizamos como objeto de pesquisa a revista A Escola Primária, que está disponível no site da Hemeroteca da Biblioteca Nacional[14].

Oliveira (2018) afirma que cada edição da revista apresentava na primeira página o sumário e o editorial com um tema relevante. Além disso, artigos abordavam temas como:

[...] reformas de ensino, higiene escolar, métodos renovados de ensino, orientações sobre o ensino de diversas disciplinas e discussões sobre o ensino profissional nas escolas primárias. Além de transcrição de discursos de Getúlio Vargas e diretores da Instrução Pública, a revista também foi palco de lutas e reivindicações voltadas para a construção de prédios escolares, renovação curricular, direitos para a classe de professores e ensino religioso nas escolas (Oliveira, 2018, p. 3).

Dessa forma, as características apresentadas pela referida autora estão em consonância com as hipóteses de que a revista foi propagadora de saberes para ensinar e saberes a ensinar sobre a matemática no primário.

A formação docente do primário ocorria nas escolas normais no Brasil do Império até as primeiras décadas da república. As escolas normais, inicialmente, ofereciam disciplinas básicas[15] e, posteriormente, foram sendo inseridas no currículo disciplinas pedagógicas[16], que contribuíram com a atuação docente (Tanuri, 2000).

Borer (2017) afirma que, nas escolas normais da Suíça, geralmente, havia uma tensão entre saberes de cultura geral e profissional, o que ocasionava uma disputa. No cenário suíço, os saberes profissionais se desenvolveram melhor nos cursos superiores destinados aos professores das séries iniciais.

Aqui no Brasil, a primeira iniciativa de ensino superior para a formação de professores teve início em 1932, quando foi criado o Instituto de Educação[17], na cidade do Rio de Janeiro. Já as escolas normais funcionavam desde 1874. O currículo passou por diversas transformações, e a atuação era destinada prioritariamente para formação inicial não continuada. Sendo assim, as escolas normais não atingiam os professores em exercício, e de acordo com Peixoto (1916) os estudantes das escolas normais aprendiam métodos para a prática profissional, mas os docentes que já atuavam nas escolas primárias do Distrito Federal não recebiam tais influencias e por isso, havia necessidade de facilitar o acesso às ideias e as propostas pedagógicas. Dessa forma, a criação de A Escola Primária[18] pelos inspetores de ensino do Distrito Federal tem como objetivo servir como um veículo de formação para os professores. Peixoto (1916) afirmava que a revista seria: a tribuna, a cátedra, o livro e o jornal que os docentes iriam utilizar para aprender e divulgar seus conhecimentos.

A forma de apresentação da revista se dá com um sumário na primeira página que apresentava os artigos. Alguns artigos eram de cunho teórico e outros apresentavam atividades e temáticas relacionadas à sala de aula do primário.

De acordo com Oliveira, temos que:

Fica evidente no discurso dos colaboradores da revista o movimento da intelectualidade do Brasil civilizado aos moldes europeus, e a circulação de ideias inspiradas nos países considerados mais desenvolvidos. Determinadas seções da revista funcionaram como capacitação em serviço para o professor primário, fornecendo-lhe subsídios didático pedagógicos para atuar em sala de aula, visto que a formação inicial não preparava plenamente para as transformações sociais em curso, e nem todos os professores tinham sequer a formação inicial, como por exemplo os professores adjuntos, que aprendiam na prática.

Um panorama pelas seções da revista ao longo dos 22 anos em que foi editada, remete aos principais entraves e desafios impostos ao ensino público primário, que permitem traçar sua conturbada história. As questões são muitas, e em alguns casos aparecem intrinsecamente ligadas; algumas delas emergem por ocasião das preocupações com o centenário da independência: o analfabetismo, as estatísticas escolares, a gratuidade e a obrigatoriedade do ensino, a medicina e a higiene, a construção de heróis nacionais, a infiltração comunista, as escolas estrangeiras, os discursos da nacionalização e a unificação do ensino primário, dentre outras (Oliveira, 2018, p. 3).

Com a citação anterior, é possível verificar que a referida autora aponta a dimensão e evidencia o papel formativo que a revista tinha com os professores à época, uma vez que não havia alternativa para chegar aos professores da sala do Distrito Federal. Além disso, a revista era vendida para o resto do país, o que poderia ter viabilizado a circulação das ideias a nível nacional e não apenas local.

Dessa forma, a revista teve um papel importante no Rio de Janeiro, pois, de acordo com Afrânio Peixoto, deveria oferecer métodos e estímulos de difusão de ensino. E, por isso, deve ter indicado uma série de saberes para ensinar e saberes a ensinar nos artigos. Levantamos ainda as seguintes hipóteses: a revista serviu para propagar conteúdos e métodos de ensino; os autores dos artigos foram selecionados, pois eles eram reconhecidos pela trajetória pessoal e atuação profissional, dessa forma, eram especialistas da educação e, por isso, foram chamados para escrever seus trabalhos; e os artigos sobre a Matemática deviam estar em sintonia com as ideias da Escola Nova[19]durante o período de publicação da revista.

A revista era uma sociedade anônima e tinha como acionistas: Esther Pedreira de Mello, Raul de Faria, Leopoldo Diniz Júnior, Alfredo Cesario de Faria Alvim, João Baptista da Silva Pereira, Afrânio Peixoto, Antonio Carlos Velho da Silva, Oscar de Aguiar Moreira, Domingos Magarino de Souza Leão, Francisco Vianna, Elysio de Araujo, Heitor de Mello, José Custódio Nunes Júnior, Venerando Graça, Carlos Ayres de Cerqueira Lima, Secundino Ribeiro Filho, Roberto Ribeiro Gomes, José Chermont de Britto e Virgílio Várzea (Santos, 2017). A maioria desses sócios atuou como inspetores de ensino a época do lançamento da revista.

ANALISANDO OS ARTIGOS DA REVISTA A ESCOLA PRIMÁRIA

Inicialmente, realizamos a leitura dos sumários das edições da revista, identificando aqueles que tinham explicitamente termos ligados à matemática e ao seu ensino. Na Figura 1, podemos ver como são os sumários da revista:


Figura 1
Sumário da Revista A Escola Primária.
Fonte:http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=097497&pesq=&pagfis=1

Realizamos a separação dos artigos do período de publicação, número da revista, nome do autor. Tais dados foram colocados em uma planilha eletrônica para organização e facilitar a análise desses artigos. Notamos que, em alguns números da revista, havia artigos relacionados à matemática que não estavam no sumário. Além desses, encontramos outros ao realizar busca no interior de alguns números que não estavam com temáticas explicitas a matemática, mas que no conteúdo abordavam parcialmente ou totalmente sobre a disciplina. Nesta pesquisa, selecionamos os artigos que tinham títulos relacionados à matemática e ao seu ensino. A seguir, é apresentado um quadro com dados dos artigos escolhidos:

Quadro 1
[20] – Artigos da revista com temática de matemática.

Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir desse quadro, é fácil perceber que, durante o ano de 1924, foi publicada a maior quantidade de artigos relacionados à disciplina que estamos analisando neste trabalho. Da mesma maneira verificamos que houve uma redução do número de artigos relacionados à Matemática após o final da década de 1920 e na década de 1930, mas, com a leitura dos sumários, notamos que o escopo da revista passou a ser diferente e, ao invés de apresentar textos sobre disciplinas, verificamos a apresentação de programas e artigos relacionados com temáticas ligadas à Escola Nova, e não a uma disciplina específica. Observamos que esse período compreende exatamente o momento no qual estiveram à frente do cargo de diretor da instrução pública do Distrito Federal Fernando de Azevedo e posteriormente Anísio Teixeira.

Ao todo, encontramos 116 artigos diretamente ligados à matemática. Do total desses artigos, 96 abordavam temas de aritmética, 12 de álgebra, 5 de geometria, 1 de aritmética e geometria e 2 de assuntos diversos.

No que se refere aos assuntos, identificamos os seguintes: análise combinatória, câmbio, curiosidades, adição de inteiros, subtração de inteiros, multiplicação de inteiros, divisão de inteiros, números, equações, fração, operações com frações, fração decimal, ensino de matemática, progressão aritmética, raiz quadrada, potenciação, grandezas proporcionais, regra de três, regra de três composta, máximo divisor comum, mínimo múltiplo comum, proporcionalidade, sistemas de medidas e problemas. No quadro, a seguir apresentamos categorias que englobam os assuntos e a quantidade de artigos relacionadas:

Quadro 2
Artigos por categoria de assuntos.

Fonte: Elaborado pelos autores.

A partir desse quadro, visualizamos que a categoria de problemas foi aquela com a maior quantidade. Nesses tipos de artigos, os autores não se preocupavam em demonstrar um problema com uma única temática ou até mesmo série, por isso categorizamos dessa forma. Outra categoria que teve uma quantidade grande de artigos publicados foi “Operações” que abordava números e operações de números inteiros positivos como adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação e radiciação.

Os artigos da revista apresentavam estratégias de ensino, regras, aprofundamento de conteúdo, teoria e reflexão acerca de temas específicos ou sobre o ensino de matemática de forma geral. Temos indícios de saberes a ensinar e saber para ensinar. Os saberes a ensinar estão emanados no campo disciplinar e geralmente produzido por disciplinas universitárias (Borer, 2017). De acordo com Hofstetter e Schneuwly, os saberes para ensinar:

Tratam-se principalmente de saberes sobre “objeto” do trabalho de ensino e de formação ( sobre os saberes a ensinar e sobre o aluno, o adulto, seus conhecimentos, seu desenvolvimento, as maneiras de aprender etc.), sobre as práticas de ensino(métodos, procedimentos, dispositivos, escolha dos saberes a ensinar, modalidades de organização e de gestão) e sobre a instituição que define o seu campo de atividade profissional (planos de estudos, instruções, finalidades, estruturas administrativas e politicas, etc.) (Borer, 2017, p. 134).

No entanto, vale ressaltar que o saber para ensinar só existe a partir de um saber a ensinar. Notamos que, nos artigos apresentados, existem muitos indícios desses saberes a ensinar que estariam disponibilizados com conteúdos dos programas do ensino primário. Os saberes para ensinar são mais complexos, pois, além de metodologias e regras para ensinar alguns temas, notamos que os autores utilizam alguns saberes a ensinar como estratégias de ensino para alguns conteúdos. Como exemplo, podemos citar o artigo de Cabrita (1916), que explicou como realizar a multiplicação de frações utilizando um cartão no formato de um retângulo, ou seja, utilizava ideias da geometria para ensinar Aritmética. Em outro artigo, Reis (1917) demonstrou como resolver problemas de Aritmética utilizando equações. Nessa mesma perspectiva, Cabrita (1917) apresentou argumentos sobre a utilização da Álgebra para simplificar a resolução de problemas aritméticos. Por outro lado, Couto (1924) apresentou um artigo que abordou especificamente multiplicação e divisão de frações, mas só apresentou os saberes a ensinar relacionados às operações de frações.

Dessa forma, constatamos que a revista A Escola Pública apresentava tanto saberes a quanto para ensinar matemática. E que as estratégias para ensinar matemática eram diversificadas. A priori, apesar de a revista ter sido editada durante o processo de ebulição das ideias da Escola Nova, notamos que os métodos ensinados não contemplavam essas ideias de forma sistematizada. De acordo com Valente (2014), o período de nascimento, estabilização e reflexo das ideias escolanovista foi durante 1930-1950. Dessa forma, isso nos permite compreender o fato de não encontrarmos artigos com propostas ligadas a esse movimento de ensino.

No entanto, percebemos a necessidade de avaliar com maior profundidade essas características nos artigos e até a de constatar se as ideias propostas estavam mais relacionadas com uma matemática intuitiva, uma vez que nossa leitura inicial não teve esse foco, e sim perceber o que os artigos apresentavam, se eram conteúdos ou estratégias.

Bertini, Morais e Valente (2017) se apropriam dos conceitos de saber a e para ensinar, criando duas novas categorias de análise: matemática a ensinar e matemática para ensinar. Tais ideias, de acordo com Valente (2018), são hipóteses teóricas que podem auxiliar no entendimento do processo de constituição de saberes profissionais que ensinam matemática. Ao considerarmos tais categorias em nosso trabalho, podemos considerar que 112 artigos têm características de uma matemática para ensinar e que 85 artigos têm uma abordagem ligada a uma matemática a ensinar. Com isso, verificamos que o foco da revista era voltado especificamente com artigos que agregavam a prática do professor, ou seja, com saberes profissionais e não apenas com conteúdos.

A partir do Quadro 1, realizamos a identificação dos autores[24].Como já dissemos, eles eram especialistas em educação e, por isso, foram chamados para escrever os artigos. Dessa forma, com os artigos eles podem ter sido responsáveis pela objetivação de saberes a e para ensinar da matemática. No quadro a seguir, representamos os autores e o número de artigos publicados na revista a partir do quadro anterior. Vale ressaltar que alguns autores eram identificados com as iniciais dos nomes ou com pseudônimos e outros não têm identificação. Dessa forma, constatamos, a partir da leitura dos sumários, que a seguintes siglas eram dos nomes identificados: AM (Arthur Maggioli), HJ (Henrique Jardim), O.C. (Olympia Couto), J.A. (Julieta Arruda), OSR e OR (Otello Souza Reis). Não conseguimos identificar as seguintes iniciais: ASM, AT, SR, N e MA. Também não conseguimos identificar os nomes dos pseudônimos utilizados: Amyntas e Nadir.

No quadro a seguir, quantificamos artigos por autor.

Quadro 3
Autores da revista e número de artigos.

Fonte: Elaborado pelos autores.

No Quadro 3, verificamos que se destacam em quantidades de artigos: Francisco Cabrita, Henrique Jardim, Abilio de Barros Alencar, Olympia do Couto e Sebastiana Figueiredo.

Francisco Cabrita[25] era engenheiro civil, atuou como professor do Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro, inspetor de ensino do Distrito Federal e foi sócio da revista A Escola Primária. Em seus artigos, publicou temáticas relacionadas ao cálculo mental, álgebra no ensino primário e frações. Sua abordagem foi de textos teóricos e com estratégias de ensino da matemática.

Otello de Souza Reis[26] era formado em direito e atuou como docente da Escola Normal do Rio de Janeiro e do colégio Pedro II. Publicou livros em diversas áreas, inclusive relacionadas à matemática: Primeiros passos de álgebra[27], Pesos e medidas, Aritmética, entre outros. Na revista, publicou artigos voltados para a resolução de problemas, equação, mínimo múltiplo comum e descontos.

Abilio de Barros Alencar[28] era engenheiro, atuou como professor da Escola Normal de Manaus, Colégio Pritaneu e Ginásio Amazonense. Foi redator chefe da revista O Acadêmico. Escreveu artigos propondo problemas e apresentando soluções, curiosidades e métodos para facilitar o cálculo.

Julieta Arruda[29] foi professora de escolas públicas da Prefeitura do Distrito Federal e atuou como diretora. Foi convidada pela Associação Brasileira de Educação para realizar uma viagem para os Estados Unidos da América com o objetivo de estudar os programas educacionais de lá. Ela escreveu artigos apresentando explicações para os professores e sua prática em sala de aula.

Olympia Couto[30] foi a autora que mais escreveu artigos para a revista, os quais abordavam temas como fração, potenciação, radiciação, sistemas de medidas divisibilidade e cálculo mental.

Henrique Jardim[31] publicou artigos na revista voltados para problemas. Dois deles explicitavam como deveriam ser resolvidos problemas matemáticos e outros dois apresentavam alguns problemas para serem resolvidos.

Sebastiana Figueredo[32] trouxe em seus artigos problemas para serem resolvidos pelos alunos em sala de aula com notas explicativas de como o docente deveria abordá-los neste ambiente. Escreveu dois artigos teóricos sobre unidades de medida e câmbio.

Tais autores destacados podem ter contribuído para apresentação de saberes profissionais para os professores por meio de seus artigos, e, com isso, podem estar dentro da categoria de expert apresentada por Hofestetter, Schneuwly e Freymond (2017). No entanto, para os caracterizar como tais, são necessárias mais pesquisas para determinar tal fato. Há, por exemplo, a necessidade de verificar se receberam uma convocatória para resolver um problema de cunho educacional, se eram reconhecidos pelos seus pares, entre outras características.

Apesar de não podermos classificá-los por expert[33] devemos destacar que, ao produzirem tais artigos, deviam ter prática profissional, reconhecimento no meio educacional ou uma rede de sociabilidade que os permitiu publicar na revista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, analisamos os artigos da revista A Escola Primária que abordavam temas relacionados a matemática e identificamos saberes a e para ensinar matemática.

Os artigos relacionados aos saberes a ensinar, na revista, faziam geralmente aprofundamento dos temas estudados no primário. Os autores se dirigiam aos professores e não aos alunos desse segmento. Já os artigos relacionados aos saberes para ensinar apresentavam maneiras de como ensinar, estratégias, recursos ou algum tipo de aprofundamento teórico sobre alguma metodologia de ensino. Dentre as propostas de ensino, destaca-se a resolução de problemas, a mais utilizada. Analisando as propostas para ensinar matemática, notamos que em alguns artigos os autores utilizavam saberes a ensinar como estratégias de ensino. Como exemplo, cita-se o artigo de Cabrita (1916) que utilizava a geometria para explicar as operações com frações. Vale ressaltar que a maior parte dos artigos analisados estava relacionada com estratégias para ensinar os conteúdos.

Os artigos relacionados à disciplina de Matemática tiveram publicação intensa até o final da década de 1920. Depois disso, houve uma drástica redução do número de artigos, o que pode ter ocorrido devido à mudança editorial da revista ou até mesmo pelo cenário político e educacional que se desenhava na década de 1930, que impulsionou ideais da Escola Nova no curso primário e uma nova proposta para formação docente.

Dentre os principais autores que contribuíram com os artigos para a revista, notamos que eles apresentaram propostas que foram colocadas em circulação, uma vez que a revista era distribuída não apenas para o Rio de Janeiro, mas para outros estados.

REFERÊNCIAS

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Notas

[1] Doutor em Ciência, Tecnologia e Educação (CEFET/RJ). Professor do Departamento de Educação Matemática da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (UERJ), Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil. Endereço para correspondência:Rua General Manoel Rabelo, s/n°- Vila São Luis , Duque de Caxias, RJ, CEP: 25065-050. E-mail: prcastor@hotmail.com.
[2] Licenciando em Matemática da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (UERJ). Duque de Caxias, Rio de Janeiro, Brasil. Endereço para correspondência: Rua General Manoel Rabelo, s/n°- Vila São Luis , Duque de Caxias, RJ, CEP: 25065-050. E-mail: ericmatsouza@gmail.com.
[3] Lei nº 16, de 12 de agosto de 1834.
[4] O Ato Adicional de 1834 criou o Município Neutro (uma cidade livre do raio de ação dos poderes provinciais que então se estabeleciam), formado pela cidade do Rio de Janeiro e seu termo (limites), independente da província do Rio de Janeiro, cuja capital seria Niterói. A nova ordenação política fundava uma cidade-sede do poder imperial. (Multirio, 2019).
[5] Fernando de Azevedo nasceu no ano de 1894 no estado de Minas Gerais. Foi integrante do movimento reformador da educação pública na década de 1920. Foi diretor de instrução pública do Distrito Federal de 1927 a 1930. Promoveu uma reforma educacional nesse período.
[6] Consideramos cultura escolar como o “[...] conjunto de normas que definem saberes a ensinar e condutas a inculcar e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses saberes e a incorporação desses comportamentos, normas e práticas que são subordinadas a finalidades que podem variar segundo as épocas” (Julia, 2001).
[7] Nasceu em Caetité na Bahia, em 1900. Formou-se em direito em 1922. Foi diretor de instituição pública na Bahia e no Rio de Janeiro. Fez mestrado na Universidade de Columbia nos Estados Unidos. Teve contato com as ideias pedagógicas de John Dewey.
[8] Decreto do Distrito Federal n. 3810 de 19 de março de 1932.
[9] O Decreto de n. 156 de 30 de dezembro de 1936 assegurava que os alunos matriculados até 1932 no curso secundário teriam direto a concluir o curso num período de cinco anos.
[10] Instituição criada por Anísio Teixeira para o Distrito Federal, cidade do Rio de Janeiro.
[11] Para maiores informações sobre o grupo de pesquisa, ver: https://www.unige.ch/fapse/erhise/en/accueil/.Acesso em: 18 jul. 2019.
[12] Para Hofstetter, Schneuwly e Freymond (2017, p.57) é “[...]uma instância, em princípio reconhecida como legítima atribuída a um ou a vários especialistas – supostamente distinguidos pelos seus conhecimentos, atitudes, experiências, a fim de avaliar um fenômeno, de constatar fatos”. Tal categoria de análise depende para ser categorizada de forma a perceber se o especialista foi convocado pelo Estado para exercer algum papel, se eles tinham reconhecimento dos seus pares, se mobilizaram saberes que foram sistematizados, objetivados e se foram postos em circulação.
[13] Tal categoria de análise contribui para verificar se os saberes mobilizados na revista contribuem para identificar os autores como experts.
[14] Disponível em: http://hemerotecadigital.bn.br/. Acesso em: 18 jul. 2019.
[15] De acordo com Moacir (1939) a Escola Normal de Niterói, em 1835, oferecia as seguintes disciplinas: ler e escrever pelo método lancasteriano, operações básicas de aritmética, noções de geometria teórica e prática, gramatica, elementos de geografia e princípios da moral cristã.
[16] Em 1880, na Escola Normal da Corte faziam parte da grade curricular as disciplinas: Pedagogia e Prática de Ensino primário, e Pedagogia e Prática de ensino intuitivo (Uekane, 2008, p.50)
[17] Vale ressaltar que em 1935, o Instituto foi incorporado pela Universidade do Distrito Federal.
[18] Informamos ao leitor que, para evitar a repetição do nome da revista A Escola Primária, em alguns momentos vamos nos referir a ela somente como Revista.
[19] Apresentava a matemática pelo método ativo, a didática baseada no passo a passo, utilizava a contextualização e deveria apresentar situações que faziam sentido para o aluno e abordar a resolução de problemas a partir de problemas cotidianos (Marques, 2013).
[20] Optamos em apresentar esse quadro com intuito de auxiliar futuras pesquisas sobre os artigos da revista que contemplam uma análise desses textos. Mantivemos a grafia adotada para os títulos dos artigos da Revista.
[21] Categoria contempla as temáticas de análise combinatória e estatística.
[22] Nesta categoria foram agrupadas as temáticas de câmbio e juros.
[23] Nesta categoria foram inseridos os assuntos de curiosidades, sem temática específica, produto notável e progressão aritmética.
[24] Estamos realizando uma pequena uma biografia dos autores dos artigos.
[26] Biografia obtida em: https://ihgb.org.br/perfil/userprofile/OSReis.html.
[30] Não encontramos informações sobre essa autora.
[31] Não encontramos informações sobre esse autor.
[32] Ainda não encontramos informações sobre essa professora.
[33] Para verificar se os autores podem ser considerados experts será necessário verificar uma série de condições, dentre elas se foram convocados pelo Estado para resolver algum problema, se eram reconhecidos pelos pares, entre outras (Borer, 2017).


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