SABERES PARA ENSINAR E SABERES A ENSINAR: duas figuras contrastantes da Educação Nova: Claparède e Vygotsky

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Palavras-chave:

Vygotsky, Claparède, Educação Nova, saberes, Formação de professores, ducação e desenvolvimento

Resumo

 O debate sobre os saberes na Educação Nova é geralmente dominado por duas posições anglo-saxônicas opostas, mantidas por Dewey e Thorndike. Este artigo apresenta outra linha de divisão. Claparède e Vygotsky, duas figuras europeias representativas da Educação Nova, ambos cientistas que constroem uma teoria do funcionamento psicológico e estão fortemente envolvidos em reformas escolares. Suas concepções de saberes em educação são, no entanto, contrastadas. Demonstraremos isso analisando vosso trabalho sob três pontos de vista: a relação entre educação e desenvolvimento; a natureza dos saberes a ensinar; e o tipo de saberes necessários para a formação de professores. Para Claparède, a educação segue o desenvolvimento natural; o saber a ensinar deve ser útil e vinculado à vida cotidiana; saber para o professor é essencialmente saber sobre a criança. Para Vygotsky, a educação precede o desenvolvimento, saber a ensinar é sistemático, diferente do saber do cotidiano, transformando este relacionamento em seus próprios processos psíquicos; saber para os professores é saber a ensinar e sobre o ensino. A abordagem de Claparède pode ser descrita como negação abstrata da escola tradicional; ele quer uma revolução Copernicana, uma escola completamente diferente, ligada à vida cotidiana. A abordagem de Vygotsky pode ser caracterizada como negação determinada; ele quer desenvolver a escola tradicional, mantendo e transformando o conhecimento organizado sistematicamente em disciplinas formais.

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Biografia do Autor

Rita Hofstetter, Universidade de Genebra - Suíça

Rita Hofstetter é professora titular da Seção de Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Ela trabalha com história da educação e se especializou no estudo dos séculos XIX e XX. Sua pesquisa atual trata da nacionalização de escolas, das reformas da formação de professores e da emergência das ciências da educação como campo disciplinar. É diretora da Equipe de Pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE).

Bernard Schneuwly, Universidade de Genebra, Suíça

Bernard Schneuwly é professor ordinário de didática de línguas na Seção de Ciências da Educação da Universidade de Genebra. Trabalha os métodos de ensino da expressão oral e escrita, os conteúdos lecionados nas aulas de educação na língua materna francesa, a relação entre ensino, aprendizagem e desenvolvimento e a história das ciências da educação. Juntamente com Rita Hofstetter, é o diretor da Equipe de Pesquisa em História das Ciências da Educação (ERHISE). Ele é ex-presidente da Associação Suíça de Pesquisa Educacional (SERA) e co-diretor da série de livros Exploration, editada pela SERA.

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Publicado

2020-12-21

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Como Citar

Hofstetter, R., & Schneuwly, B. (2020). SABERES PARA ENSINAR E SABERES A ENSINAR: duas figuras contrastantes da Educação Nova: Claparède e Vygotsky. Revista De História Da Educação Matemática, 6(3). Recuperado de https://www.histemat.com.br/index.php/HISTEMAT/article/view/372

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